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Mariana D’Andrea conquista primeiro título Mundial do halterofilismo brasileiro e quebra recorde

Ela também se tornou dona da maior marca do mundo na categoria até 79kg, ao suportar 151 kg.

27/08/2023 às 08h32
Por: Redação Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro
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Foto: Alexandre Carvalho/CPB
Foto: Alexandre Carvalho/CPB

A campeã paralímpica Mariana D’Andrea, 25, conquistou o primeiro ouro do Brasil em um Campeonato Mundial de halterofilismo neste sábado, 26, em Dubai. Ela também se tornou dona da maior marca do mundo na categoria até 79kg, ao suportar 151 kg em seu terceiro movimento, último de um duelo acirrado até o final.

O resultado de Mariana já garante ao Brasil sua melhor campanha em um Mundial de halterofilismo. Agora, o país tem uma medalha de ouro e uma de bronze, esta da mineira Lara Lima, na disputa da elite da modalidade. Além disso, a delegação obteve um ouro entre os juniores, também de Lara. 

O Campeonato nos Emirados Árabe começou na terça-feira, 22, e vai até 30 de agosto no hotel Hilton Habtoor City, onde as delegações estão hospedadas. O evento conta com 495 atletas de 78 países. A Seleção Brasileira se faz presente com uma equipe de 23 halterofilistas, de 12 unidades federativas (AM, BA, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). A delegação é formada por aqueles que alcançaram os índices estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) durante a Primeira Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, em março, e o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa, em abril, ambas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O Mundial é realizado pela terceira vez em Dubai, onde já esteve em 1998 e 2014 e é etapa obrigatória para qualificação aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.

O ouro de Mariana, que havia sido vice-campeã na Geórgia em 2021, mas na categoria até 73 kg, veio após uma disputa quilo a quilo com a nigeriana Bose Omolayo, até então líder do ranking na categoria até 79 kg. Mariana encerrou a primeira rodada com 141 kg levantados, ante 140 kg da rival. Na segunda tentativa, a paulista suportou 146 kg e a nigeriana 145 kg. Depois, a nigeriana registrou a marca de 150 kg no terceiro e último movimento, colocando pressão sobre a brasileira. No entanto, a paulista ergueu 151 kg, garantiu o ouro e o novo recorde mundial. 

A prova teve ao todo três quebras do recorde mundial, que era de Bose, responsável por levantar 145 kg no Egito, em outubro de 2022. Mariana estabeleceu novas marcas ao suportar 146 kg e 151 kg, enquanto a própria nigeriana, por um momento, também chegou a recuperar o posto de recordista mundial ao erguer 150 kg. 

Bose ainda realizou um quarto levantamento, no qual pediu 155 kg, para desafiar o recorde de 151 kg de Mariana, mesmo já não tendo chances de conquistar o ouro. O seu movimento, porém, foi invalidado. 

Agora, o Brasil chega a seu sétimo pódio em Campeonatos Mundiais, o terceiro de Mariana. Em provas individuais, esta foi a quinta medalha, o primeiro ouro. A paulista agora soma este ouro e uma prata (Geórgia 2021); e três bronzes, com a mineira Lara Lima (Dubai 2023), o baiano Evânio Rodrigues da Silva (México 2017) e a paranaense Márcia Menezes (Dubai 2014). Todos os medalhistas participam do Mundial de Dubai em 2023.

Além dessas medalhas, o país tem duas pratas com seu time misto, na Geórgia, em 2021, e no Cazaquistão, em 2019, esta última com a participação de Mariana.

“Eu estava muito bem, meus treinamentos vinham evoluindo e eu me sentia cada vez mais preparada. Depois que fui campeã paralímpica, sabia que poderia brigar com as meninas a qualquer hora e já estava pronta para ser campeã mundial, que era um sonho”, afirmou Mariana, que nasceu em Itu e tem baixa estatura.

A paulista atribuiu sua conquista a uma preparação intensa. “Na hora em que eu vi as primeiras pedidas, vi que estava à frente dela [Bose]. Conforme ela acertou os movimetnos, entendi que eu precisava fazer também. Quando o Val [técnico Valdecir Lopes] disse que faríamos 151kg, fiquei tranquila, pensei que estava preparada e poderia fazer esse movimento, eu acreditei que estava pronta. Foi uma briga muito legal”, afirmou.

Na mesma disputa de Mariana, a mineira Caroline Fernandes ergueu 116 kg e ficou com a sétima posição. O bronze foi para a chinesa Miaoyu Han, que ergueu 140kg.

Mariana, que havia conquistado seus principais títulos até agora na categoria até 73 kg, estreou internacionalemnte na categoria até 79 kg em Dubai. O objetivo dela e de seu treinador, Valdecir Lopes, é garantir marcas nas duas categorias para poder escolher em qual delas competir nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.

Ainda havia a expectativa de que Mariana enfrentasse a francesa Souhad Ghazouani neste sábado. A atleta chegou a Dubai como recordista mundial na categoria até 73 kg e chegou a se inscrever na categoria até 79 kg para o Mundial, mas acabou recuando e voltando para sua categoria original. 

Mais cedo, na prova da categoria até 73 kg, a mineira Ângela Teixeira suportou 103 kg em sua terceira tentativa, após dois movimentos anulados, e igualou a marca obtida na Seletiva para os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no início de agosto. Na mesma disputa, a paulista Laira Guimarães ergueu 101 kg em sua segunda e melhor tentativa. As halterofilistas ficaram na décima primeira e décima terceira posições, respectivamente. 

O pódio foi formado pela nigeriana Kalifa Almaruf, com o ouro (140kg), pela chinesa Xu Lili, prata (134 kg), pela  francesa Souhad Ghazouani bronze (131 kg). Após a competição, Kalifa ainda propôs um desafio ao recorde Mundial de 150kg, que pertencia à francesa Souhad desde 2013, e conseguiu suportar 151 kg, nova marca da categoria. 

“Foi uma prova de adrenalina. Eu vim preparada para fazer ainda mais do que consegui. Mas tudo tem seu tempo. Acredito que dei o meu melhor. Estou satisfeita. É um Campeonato Mundial, uma competição acirrada. Só tenho a agradecer e me preparar para o próximo desafio, que será no Chile, no Parapan, em novembro, onde vou tentar melhorar a minha marca”, afirmou Ângela.

Domingo
As disputas deste domingo, 27, terão dois participantes dos últimos Jogos Paralímpicos. O paulista Bruno Carra, 34, e o potiguar João Maria França Junior, 27,  competem juntos na categoria até 54 kg. Bruno é o quinto colocado no ranking do ciclo dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, com 164 kg erguidos em dezembro de 2022. Já João Maria é o oitavo, com 159 kg levantados no mesmo mês. 

Além deles, três brasileiros estreiam em um Mundial neste domingo. O pernambucano José Arimateia Lima, 32, compete na categoria até 97 kg, enquanto a gaúcha Ana Paula Gonçalves Marques, 41, e a paraense Naira Célia da Cruz, 54, vão disputar na até 61kg. 

José Arimatéia está na 15ª posição do ranking do ciclo Paris 2024, com levantamento de 202 kg, realizado em julho de 2022, nos EUA. As brasileiras ainda não possuem marcas em competições válidas para o ranking.

Ana Paula também é atleta da vela paralípica, modalidade que integrou o programa dos Jogos Paralímpicos até o Rio 2016. Inclusive, neste esporte, tem um título mundial no currículo, obtido em 2018.  Conheceu o halterofilismo em 2016, quando buscava alternativas para melhorar seu condicionamento físico e performance.

“Cada Mundial que participei tem uma emoção diferente, um objetivo diferente. Quero fazer uma boa competição para estar bem no ranking Paris 2024. Mesmo eu já tendo participado de outros campeonatos, o frio na barriga permanece”, afirmou Ana Paula, que teve uma lesão medular após ser vítima de tentativa de feminicídio pelo ex-marido aos 20 anos.

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