O que podemos falar da precoce eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo feminina? Realizar uma análise ainda de cabeça quente é difícil, mas necessária. Os erros desse fracasso, sim é esse o nome, passam muito pelo comando técnico de Pia Sundhage. É inegável que a comandante do Brasil tem experiência, uma carreira vitoriosa e caiu nas graças da torcida brasileira, mas também é inegável a apatia de comando com o a seleção precisando do resultado.
Você pode estar lendo e pensando "poxa sempre as críticas recaem sobre os treinadores", e eu respondo que em sua parte sim. Pia e Tite tiveram papéis fundamentais nas eliminações da seleções masculina e feminina. Ambos foram omissos, mostraram um time que não sabe mudar taticamente a forma de jogar durante a partida.
Estamos sim falando do futebol feminino, mas é importante abrir esse parênteses e comparar com a masculina. Pois ao passo que a seleção masculina não enfrentou os melhores durante o ciclo da Copa, a seleção feminina teve sim a oportunidade de enfrentar seleções TOP 10 do ranking da FIFA. Mas ambas as seleções fracassaram por não terem alternativas táticas em um torneio de tiro curto como a Copa do Mundo.
A seleção comandada por Pia Sundhage fez um excelente ciclo, não podemos jogar no lixo tudo que foi construído na seleção brasileira nesse período. Batemos de frente com grandes seleções e vencemos algumas. Não era para o Brasil ser eliminado hoje, mas vamos lembrar que ontem quase que os EUA foram eliminados se não fosse a bola na trave que Portugal carimbou nos acréscimos.
Nós não somos potência no futebol feminino, estamos crescendo a passos curtos. O futebol feminino do Brasil tem enormes diamantes que ainda carecem uma lapidação. O resultado de hoje, uma eliminação em um grupo que tinha Panamá e Jamaica mostra que o futebol evoluiu e o nosso ficou parado no tempo. Concordo com a Pia que deveria ser feita uma renovação na seleção, mas nós ainda dependemos muito da Marta e ela não tem mais o potencial que tinha, estava voltando de uma grave lesão, não dava pra depender da Rainha nessa Copa. Apesar de bater na tecla da renovação, Pia não conseguiu construir um time coeso sem a Marta como maestra regendo a equipe.
Marta fez muito pelo futebol brasileiro e é triste ver ela se despedir de uma Copa assim com um fracasso e decepção enorme da seleção brasileira. Eu não acreditava que o Brasil seria campeão, sou racional, sei do potencial da nossa seleção e até onde poderíamos chegar. Mas também não acreditava que a eliminação viria na fase de grupos.
Faltou personalidade para a seleção, faltou o estilo brasileiro, faltou futebol. O Brasil se despede da Copa do Mundo com um sentimento amargo, mas com a esperança de dias melhores. Os investimentos nesse ciclo foram os maiores da história, a estrutura para a seleção foi a melhor que já tivemos. Que a CBF continue investindo e acreditando que o futebol brasileiro tem força para chegar nas grandes competições como favorito.
Que venha a Olimpíada de Paris e mais uma oportunidade do Brasil voltar a figurar entre as grandes seleções do futebol feminino. Termino esse texto triste, pois esperava que ao menos nosso escrete chegaria nas quartas de final. Mas fico com uma esperança de ver novamente a identidade do futebol feminino do Brasil em campo.
É meu papel de jornalista continuar apoiando e brigando pelo futebol feminino do Brasil, mas também é de minha responsabilidade criticar. O futebol feminino brasileiro merece um título de respeito, já estivemos muito perto disso acontecer, hoje a realidade é mais distante, mas eu vou continuar apoiando e acreditando.